Confesso - Carminho "A VOZ"

Confesso que gostei muito do João Maria. Confesso que gostei de ter ido para a cama com ele no passado. Confesso que se ele quisesse, poderíamos ter começado qualquer coisa, apesar de tudo o que eu tinha refiro. Confesso que por vezes existe em todo nós aquela máxima: " Faz o que eu te digo e não faças o que eu faço"...

Também confesso que gostei muito de ter ido beber café com o João Maria, e adorei quando ele me disse que era para eu não criar expectativas. Fantástico!!!!

O que existe de Fantástico nisso tudo?!

Eu conto-vos:
Um ano antes da morte da minha mãe. A família toda tinha ido passar um fim de semana à aldeia. Estávamos em meados de Setembro, era a festa das vindimas e do emigrante.
No Bailarico, estava a dar esta música "Fernando Correia Marques - O Burrico".
Confesso que adorava dançar este tipo de músicas com a mãe, com as tias, primas, vizinhas... Com umas quantas cervejolas e umas bifanas, a noite era uma criança

Aquela noite foi marcada por dois momentos:
1º - A minha mãe cruzou o olhar com um senhor, e as pernas começaram a tremer. A minha mãe casou virgem...
Aquele senhor tinha sido o primeiro namorado da minha mãe. Trocaram meia dúzia de palavras e a minha mãe apresentou-me como sendo um dos seus filhos. Precisavam de ver o rosto daquele homem...
A minha mãe e aquele senhor tiveram um "arrufo" e cada um decidiu seguir o seu caminho sem dar "cavaco" ou procurar o outro. Agora ali estavam os dois, cada um com a sua história de vida e apenas se despediram com um aperto de mão...

2º - A minha amiga Paula, colega de infância e filha de amigos da família. Entregou o seu coração a Deus, e tornou-se freira. Passámos a noite toda a dançar...
No final segredou-me ao ouvido: - Já que não te tive, entreguei a minha vida Deus...
Despedimos-nos com um aperto de mão...

Com um aperto de mão, despedi-me do João Maria, e não vivo "preso" ao Passado...