Hoje quando saí do Call Center e como tinha combinado antes. Fui jantar a casa do Pedro, foi um jantar normal, arroz com alho, hamburgueres e com esparregado a acompanhar. Jantámos, trocámos uns beijos, sentámo-nos no sofá a ver uma porcaria qualquer na televisão. Ele começa a aninhar-se no sofá e a bocejar. Confesso que não tive força para pedir para ele me levar a casa... Afinal, eu sou independente...
Saio de casa, sem que ele saia do sofá e me acompanhe à porta. Desço no Elevador, saio de prédio. Estava a começar a chover...
Acelero o passo até ao Metro. Quando chego à estação, sento-me numa cadeira à espera do metro para ir para casa. Reparo num grupo de jovens, que não deveriam ter mais de 2o anos. Conversavam acerca de onde iriam começar a noite e que tinham combinado encontrar-se com alguém...
Uma rapariga, começa a corar. Outra, diz que o rapaz é giro, que é colega dela num qualquer curso ou aula...
Recuei ao meu passado, quando fui a primeira vez à estação de Belém ou ao Trumps. Naquela altura, eu não tinha amigos gays. Não havia telemóveis.
Marcava-se um encontro entre as tantas e as tantas horas em determinado local, ou então voltávamos no dia seguinte ou semana seguinte a ver se encontrávamos o dito rapaz...
Quando trocávamos o número de telefone fixo. A angústia das horas que passavam, e não havia forma de o telefone tocar. Quando o telefone tocava, gritávamos alto que era para nós. Deixávamos tudo o que estivéssemos a fazer, só para ir atender aquela chamada que tantos esperámos...
Que chatice, quando era um amigo ou um amigo de um nosso familiar. Queríamos que aquele telefonema fosse o mais curto possível. Então, se o pai ou a mãe nos pedisse para irmos às compras, fosse comprar pão ou manteiga. Fazia se um Carnaval...
Quando cheguei à estação da Amadora-Este tinha duas hipóteses: Apanhar um táxi ou ir a pé até casa...
Avancei passo a passo, a chuva caía às vezes com mais força. Não tenho ninguém à minha espera, quando chegasse a casa, tomava um banho quente. No worries about that...
Cada passo que dava, o arrependimento tomou conta de mim. Continuava ou voltava atrás e apanhava um táxi?! Tarde demais... Não me apetecia voltar atrás...
Cada gota que me caía em cima e descia-me pelo rosto. Não era eu que chorava, não foi um jantar abençoado, apenas era alguém que ia à chuva sem ter um guarda-chuva, logo um palerma...
Dizia a minha avó: "Quem Gosta/ama! Cuida..."
O quanto a minha vida teria sido diferente!!! Se eu tivesse vinte anos e soubesse o que sei hoje...
13 comentários:
Nós evoluímos sempre, Francisco; assim como há tempos atrás não havia isto e aquilo, e as pessoas não deixavam de fazer as mesmas coisas que fazem hoje; apenas as faziam de forma diferente.
Hoje quando olhamos para trás, perguntamos como era possível viver sem telemóvel ou net? Mas vivia-se, e bem, porque ainda não conhecíamos o progresso que tais coisas trouxeram à nossa vida.
Com as pessoas é o mesmo; vão ficando mais velhas, perdem faculdades é verdade, mas ganham outras e não te esqueças que há sempre alguém que gosta de nós, na idade que temos.
E habituamos-nos a ser selectivos, a não nos interessarmos com o vulgar apenas, mas com quem vale a pena.
Os miúdos de hj não entendem o que isso era...
Logo ontem que choveu como caraças! Dadas as circunstâncias (e não só) era simpático que o Pedro te tivesse levado a casa. Enfim...
Abraço amigo.
João Roque,
Não poderei estar mais de acordo contigo...
São os avanços...
Abraço amigo
Sad Eyes,
Yap :)
Abraço amigo
P.S - Já respondi ao teu e-mail
Arrakis,
Com uma semana de uma calor muito fixo, é preciso ter sorte com a noite de ontem :) hehehehhehe
Abraço amigo
Já dizia a minha avó: As atitudes ficam com quem as toma ;)
Olá amigo. Acho que teria sido mais simpático se o Pedro te tivesse convidado para ficar... Mas não te esqueças que melhores dias virão...e melhores noites também! Com ou sem chuva... Já dizia a minha avó! ;-) Um Abraço!
Manuel,
Nem sequer tinha colocado essa hipótese em questão. LOL
Sim, também dizia e bem a minha avó:
Há mais marés que marinheiros :)
Abraço amigo
Os tempos mudam, Francisco. :)
Confesso que às vezes tenho curiosidade em saber como tudo seria há décadas atrás. O que referiste: estar à espera de uma chamada no telefone fixo. Parece-me tão engraçado. Nem consigo imaginar a minha vida sem telemóvel. :)
Acredito que tenhas profundas saudades desse tempo. Eu também sou bastante saudosista e ainda tenho um passado tão pequeno. :D
Abraço. :3
Mark,
E quanto mudou em apenas duas décadas. Há 20 anos, ainda estava eu a descobrir o que era Ser Gay :)
Um dia escreverei sobre isso ;)
Abraço amigo
Era só o que me faltava. Um jovem já com arrependimentos do passado. Cheer up mate :(
Speedy,
Não são arrependimentos, apenas alguns momentos Kodac :)
Abraço amigo
Então o rapazinho adormece no sofá e tu bazas assim?
Se não houvesse net nem telemóveis eu teria um grande problema em conhecer alguém. Sad, but that's the way it is.
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