13 março 2011

Sábado - André Sardet "Foi feitiço"

Tantas coisas que acontecem apenas num dia. Já dizia a minha avó: "Um rico diz que 24 horas é pouco; enquanto que um pobre diz que 24 horas são uma eternidade"

PRIMEIRA PARTE
O Gonçalo chegou cá a casa, por volta da 1 da manhã. Logo já conta como Sábado...
Realmente entre nós os dois existe um química fantástica...

Claro que foi muito bom, poder depois adormecer abraçado...

SEGUNDA PARTE
Na manhã de Sábado, acordei ao toque de beijos e carícias. Que saudades que eu já tinha de ser acordado desta forma.
Quando desperto, qual o meu espanto! O Gonçalo tinha feito o pequeno-almoço e levou-o até à cama. Uhau!!! O miudo esmerou-se no pequeno-almoço.

Claro que depois do pequeno-almoço, entregámo-nos ao suor um do outro...

TERCEIRA PARTE
O Gonçalo ofereceu-se para fazer o almoço. Ele gosta imenso de cozinhar. Diz ele que aprendeu com a avó...

Francisco: - És estudante de Cozinha?

Gonçalo: - Nada disso, aprendi com a minha avó paterna. Ela sim! Foi em tempos uma grande cozinheira. Só que agora está num lar. Começou a perder a memória, e por vezes tinha ataques de euforia e fugia de casa. Os meus pais optaram por a colocar num Lar.

Francisco: - Costumas ir visitá-la ao Lar?

Gonçalo: - Nem por isso. A última vez que lá estive, ela não me reconheceu. Mas, um dia quero lá ir. Custa-me ir sozinho...(O rapaz estava com um ar mesmo triste ao falar na avó).

Francisco: - Eu posso ir lá contigo. Queres lá esta tarde? antes de irmos jantar a casa da tua irmã...

Gonçalo: - Adorava! Vais lá mesmo comigo?(um sorriso e um ar de alegria nasceram naquele rosto).

QUARTA PARTE
O Gonçalo fez uma torta de Laranja em pouco mais de meia-hora. Depois seguimos no meu carro até ao Lar, onde está a avó.

O Lar fica numa vivenda. O espaço é agradável. Alguns idosos estão num sofá a olharem para a televisão ligada. Outros estão sentados em cadeiras de rodas. Realmente quem entra no espaço, parte de fora "enche a vista". Mas, lá dentro, nem por isso.
Quem faz voluntariado num espaço mais alegre, tem outra percepção da realidade, porque existe o termo de comparação.

O Gonçalo pára a meio do caminho. Parece que as pernas não o deixam continuar. Ele faz-me sinal de quem é a avó. A senhora está a dividir um pequeno sofá com uma outra senhora. Aproximo-me, sento-me ao pé dela e digo:

Francisco: - Olá! Boa tarde, está boazinha? Como se chama?

Avó do Gonçalo (Muito Admirada): - Eu!!! O meu nome é Alice. Estou bem, quem é o senhor?

Francisco: - Sou o Francisco, amigo do Gonçalo, do seu neto...

D. Alice: - O meu neto tem 10 anos. Está em coma. Por isso é que eu estou aqui presa...

Francisco: - Então! Já não se lembra do seu neto? Uhm!!! Não acredito... Pense lá um bocadinho e olhe para este rapaz que está aqui ao meu lado...(O gonçalo tinha puxado uma cadeira e tinha se sentado mesmo ao meu lado).

D. Alice: - É um rapaz muito bonito. Tem uns olhos lindos. O meu filho é que tem também assim uns olhos azuis. Sabe que o meu filho casou com uma rapariga, que agora é uma senhora. Tiveram 3 filhos. Duas meninas e um menino.

Francisco: - E, lembra-se dos nomes deles?

D. Alice: - Claro! O meu filho chama-se Rogério. A mulher chama-se Leonor. As meninas: A mais velha é a Sandra e namora com o Pedro(A senhora não sabe que já se casaram porque não foi ao casamento). A outra menina chama-se Mariana.

Francisco: - Então e o menino?

D. Alice: - É o Gonçalo. O rapaz mais bonito que eu já vi até hoje. Não desfazendo que ele é meu neto. Um rapaz lindo! Sorte da rapariga que casar com ele. Ele é muito prendado na cozinha. Fui eu que lhe ensinei a fazer tudo. Pena foi ele ter sido atropelado(começa a chorar)...
Ele ía de mão dada comigo para a escola, fugiu-me da mão e foi para a estrada. Veio um carro e atropelou-o. O carro vinha muito devagarinho por haver uma escola perto. Uma escola de crianças. Agora estou aqui. O meu filho e a minha nora, nunca mais me vieram visitar, porque dizem que o menino morreu por minha causa...

Francisco: - Eles tem vindo cá todos os fins de semana. Não se lembra?

D. Alice: - Tem vindo?

Francisco: - Sim! Olhe para este rapaz. É o Gonçalo, o seu neto...

D. Alice: - Estás tão crescido! Senta-te aqui ao pé da avó e conta-me tudo. Namoradas! Tens? Escola! Estás em que classe?

Uma coisa muito importante que aprendi ao longo deste tempo que faço voluntariado:
As pessoas que não se lembram de nada, porque sofrem de alzeimer ou por outra questão de neurologia, não podem ser questionadas mediante pressão verbal. Devemos começar com perguntas simples: Como se chama? Nomes de filho/as? Nomes de netos?...

Peguei na avó do Gonçalo, na senhora que estava ao lado. Fomos os 4 para uma mesa jogar dominó e cartas. O Gonçalo estava radiante...

Na hora do lanche, quando o Gonçalo deu uma fatia da torta de laranja à avó, esta depois de a ter provado comentou:

D. Alice: - Uhm!!! Que saborosa! Foi a receita que a avó te deu?

QUINTA PARTE
Quando saimos do Lar, o Gonçalo vinha com um ar de felicidade. Ele estava super contente.
Decidimos ir ao Centro Comercial das Amoreira, à loja da "Àrea". O Gonçalo queria comprar uma jarra para a irmã (creio que uma troca de prenda de Natal atrasada).

É verdade que o Gonçalo é um rapaz muito atraente. Para além de ter olhos azuis. O rapaz pratica Ténis e Natação. Como tal tem um corpo definido, com a particularidade de ter um bom: Rabo, Cú, Pacote, Bilha o que lhe quiserem chamar...

Estávamos na Àrea, reparei que muitos rapazes e raparigas olhavam para o "rabo" do meu gajo. Uns mais descarados do que outros. A realidade é que enquanto uns só podem visualizar, eu posso visualizar e tocar... LOL

Enquanto o Gonçalo andava a procura da jarra de substituição, passamos mesmo ao lado do Ruben. Este estava acompanhado por dois amigos. Notei que os três estavam a "galar" o traseiro do rapaz...

Ruben: - Olá Francisco! Tudo bem?

Francisco: - Olá! Tudo bem contigo?

Ruben: - Que fazes por aqui? Andas à procura de alguma coisa para a casa?

Francisco: - Ando a passear...

Ruben: - Sabes que agora eu estou solteiro!

Despedimo-nos com um aperto de mão. O Gonçalo não me perguntou nada, não fez nenhuma cena de ciúmes.

SEXTA PARTE
Em casa da irmã, estava a familia toda. Os pais, as irmãs e os respectivos companheiros. O jantar correu lindamente. Todos muito simpáticos. O Gonçalo falou da nossa ida ao Lar ver a avó...
A familia ficou a saber que o nosso conhecimento é recente. Que nos conhecemos na noite de Carnaval...

Fizeram um questionário de policia e no final a mãe do Gonçalo comentou:

Mãe: - Gonçalo! Se vais dormir a Odivelas, quem é que me prepara o meu pequeno-almoço nos fins de semana?

Cunhada do meio: - Mãe das duas uma! O Francisco vem cá para casa, ou arranjas um amante como o Francisco. Que eu ainda vou procurar um igual...

Durante o jantar, informei que trabalho numa empresa de elevadores. E disse que trabalhava em part-time numa agência de viagens. Que no próximo fim-de-semana vou a Marrocos, mais concretamente a Marraquexe. Que gostava que o Gonçalo me pudesse acompanhar. Ele só pagaria as taxas de aeroporto(não posso dizer que está tudo incluido).

4 comentários:

João Roque disse...

Que mais te posso dizer senão que foi um dia maravilhoso, em todos os sentidos.
Fico tão feliz por ti...

Uma pergunta: esse Lar é na Av. Gago Coutinho?

Francisco disse...

Olá Pinguim, obrigado pelas tuas palavras simpáticas.

O lar onde está a avó do Gonçalo fica ali perto de Campo de Ourique.

Abraço

um coelho disse...

Lendo isto não percebo se é o Gonçalo que é perfeito para ti se és tu que és perfeito para ele... :D

Francisco disse...

Um Coelho,

:D