Um amor entre um Deus do Olimpo e um terreste, onde esse Deus caiu e resolveu contar as suas histórias enquanto viveu no meio dos humanos...
11 janeiro 2012
Dona Dores - Gigliola Cinquetti "Non ho L'eta"
A Dona Dores é uma senhora na casa dos oitenta e muitos anos, um doce de senhora. Sofre de cancro nos ossos. A qualquer momento qualquer osso se pode partir como se os ossos fossem como os fios de esparguete.
A nível da cabeça a senhora Dores tem momentos de grande lucidez e recorda-se de tudo e tem consciência de onde está. Noutras alturas, ela pensa que está na sua casa em Lourenço Marques, onde vê o seu amado a passar no outro lado da rua, enquanto ela trata das flores. São rosa amarelas, a senhora Dores adora rosas amarelas.
A senhora Dores era uma rapariga muito bonita, porque tinha o cabelo preto e muitos caracóis naturais. Tinha 16 anos, quando conheceu o amor da sua vida. O pai era militar. Um dia houve uma festa de militares, e a senhora dores viu um homem mais velho, casado com filhos da idade dela. O dito militar era muito amigo de seu pai.
Durante aquela festa, houve uma troca de olhares entre os dois. A Dores não passou despercebida ao militar amigo de seu pai.
O militar começou a frequentar mais vezes a casa do seu pai, com o pretexto de ver a menina Dores. O Amor nasceu com o olhar, começou a crescer com o chá e com a bolachas, até que o inevitável aconteceu...
A senhora Dores engravidou e foi o maior escândalo entre as duas famílias.
Todos diziam que o militar deveria ter juízo, que já era um homem com filhos e que agora andava a mostrar a todos o que se designava pelo o "último grito do Cisne". Ou seja, um homem de meia idade que andava com uma cachopa só para dizer que ainda tinha tesão...
A ela, à senhora Dores, chamavam-lhe tudo desde puta para baixo(o que me chamariam a mim!!!! LOLOLOL Só para aliviar um pouco este post)...
As ameaças dos filhos do militar, da mulher do militar, dos próprios pais. Que ela era uma oportunista, que na realidade a gaja queria era o dinheiro do homem e para mais, ele tinha idade para ser pai dela...
O militar também dizia que a amava muito, mas ele queria que ela fosse abortar. Ela recusou fazer o aborto. Dizendo: "Posso perder o pai do meu filho, mas o filho é meu..."
A criança nasceu morta. Foi o maior desgosto da senhora Dores. Com o 25 de Abril, a senhora Dores veio para Portugal, trabalhou numa creche como auxiliar. Nunca mais voltou a casar ou sequer a ter outro homem...
Como devem calcular esta senhora desde que entrou para o Lar, nunca teve uma visita de alguém de fora...
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6 comentários:
Vidas....
Nem mais, cada um com a sua sina ou cruz
Abraço
É uma pena que ela não tenha conseguido endireitar a vida (ou não o tenha querido fazer) quando regressou.
Esse é um dos meus receios, ter uma velhice como a da D. Dores.
O nome da senhora Dores é muito revelador da vida que teve...
Um Coelho,
Opções que cada um toma ao longo da sua vida...
Abraço
Luis V,
Bem verdade, existem nomes que parece que fazem a "sina" da pessoa
Abraço
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