Hoje foi o funeral da minha amiga Teresa. Cheguei com um ramo de flores à capela mortuária, onde estava o caixão. Cheguei, coloquei o ramo de flores ao pés da minha amiga e limitei-me a sentar na cadeira mais perto e ficar em silêncio...
Infelizmente, a escola, os familiares, os amigos, a própria sociedade não nos diz, ou não nos ensina o mais básico acerca da morte. Ou seja, quando perdemos alguém, não devemos ir a velórios ou funerais sozinhos, porque te vais recordar de todos os teus entes queridos que já "partiram", que "estão a fazer uma viagem"...
Ali estava uma amiga de longa data, deitada de olhos fechado, que tinha emagrecido de tal forma e depois surgem estas questões?
- Que sonhos foram idealizados e cumpridos nesta vida?
- Será que o espirito ainda permanece dentro do corpo, ou já saiu?
- Estarão ali todos os amigos de uma vida inteira?
- Será que nesta vida haveria algum principe? Infelizmente, a minha amiga também perdeu o namoro quando a doença foi detectada...
- Que "lição" aprendeu com esta "caminhada"?
Tantas outras questões surgiram-me na cabeça. Ali estava eu sózinho, sentado numa cadeira a observar as pessoas que iam aparecendo. Todas traziam flores, algumas lágrimas em alguns rostos, uns apertos de mãos e por vezes lá ouvia um "Os meus sentimentos", "força"...
O padre apareceu e pouco ou nada falou. Rezou-se uma missa de corpo presente e seguimos para a última morada da minha amiga. O caixão foi dentro da carrinha da agência funerária, os pais da Teresa foram dentro da carrinha. Todos os outros presentes seguiram a marcha a pé atrás da carrinha até ao cemitério.
Durante todo o percurso, notei que todas as pessoas iam de braço dado, algumas lado a lado a falarem do tempo, da crise, e eu!!! Sózinho, literalmente sózinho...
Tão sózinho, como a minha amiga que ía dentro do caixão.
O caixão desceu, e algumas pessoas fizeram questão de ir colocar terra em cima do caixão. Nestas alturas, sinto um aperto no coração, como se quissesse respirar e não conseguir. Limitei-me a estar quieto no meu espaço, e tentar não pensar em nada...
Despedi-me dos pais e do irmão da Teresa, virei as costas e vim-me embora.
Nestas alturas, é que notamos que não somos nada, nada mesmo. No dia em que fecharmos os olhos, tudo acaba... O tempo se encarregará de sermos esquecidos...
Sentei-me no banco do carro e pensei para comigo:
"Se tivesse sido eu a morrer, quem estaria presente? Quem me lembraria"
5 comentários:
Os meus sentimentos Francisco.
Já pensei no que disseste, por diversas vezes. Tristemente acho que no meu funeral estariam poucas pessoas porque sou muito desconectado dos meus grupos de amigos. Mas acredito que os principais estariam lá. Abraços
É verdade que a morte na nossa cultura, nos dias de hoje, é algo "taboo". Esconde-se um pouco a morte das pessoas. E portanto é perfeitamente natural que nessas alturas não saibamos o que fazer.
Mas dando um pouco "o braço a torcer" a essa tendência digo-te que não vale a pena pensares muito nessas coisas. Não faz bem nenhum. Força e um abraço.
Quando estamos sózinhos, os sentimentos e os pensamentos ficam mais fortes, às vezes parecem ter mais força do que realmente têm...olha para ti Francisco, do que leio aqui no teu blog tu não és nem estás sózinho, parece-me que te rodeia alguma superficialidade de algumas pessoas mas, outras gostam-te de verdade.
Um dia, daqui a muitos anos, quando for a tua vez, vais lá ver os bons e verdadeiros, os presentes e os que um dia partiram, ñ chores com a morte, sorri para a vida!
Aquele abraço!
Speedy, Francisco e Meia noite e 15;
Obrigado pelo vosso apoio :)
Forte Abraço x 3
Foi talvez o post que aqui li, que mais significado teve para mim, do género, deixar-me de lágrimas nos olhos a pensar em tudo o que questionas-te...
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