O meu namoro com o Sandro foi crescendo aos poucos. Comecei por dormir em casa dele de Sábado para Domingo, depois passou a ser o fim de semana completo. Mais tarde, passámos a dormir juntos também um dia da semana e o fim de semana.
Fomos nos adaptando um ao outro. Saber quais os nossos limites, o nosso espaço.
Até ao dia em que decidimos ir viver juntos e dar uma oportunidade a construirmos algo em conjunto. Ambos estávamos em sintonia, quanto a essa decisão.
Foi engraçado a mudança, decidirmos onde colocar o sofá, os quadros, a cor dos cortinados, etc etc...
Os dois primeiros anos foram muito giro, começámos a viajar juntos, tanto dentro como fora de Portugal. Iamos a concertos, exposições, teatro, cinema, etc...(os nossos gostos eram muito semelhantes), o que tornou o processo de adaptação mais fácil.
Ambos éramos muito românticos, faziamos supresas de jantares com amigos, fins de semana prolongados.
Sim, éramos um casal "invejado", pois quando estávamos em discotecas e um de nós era "galado", o outro não fazia cenas de ciumes. Um toque pelo cabelo, um beijo, ou simplesmente ir buscar uma bebida para o "galado" e ficava por aí. Na rua, apertávamos a mão um do outro. Podem olhar para nós e tirar as medidas todas, mas somos namorados e ambos ficávamos felizes por ver que o nosso namorado era "galado" por outros. Era sinal que ambos tinhamos bom gosto...
O terceiro ano, foi o ano que trouxe algumas "desatinos" à nossa relação. Eu sempre aceitei os ex-namorados do Sandro. Havia um em particular que até nutria uma forte amizade por ele.
Nesse ano fomos três semanas para a Grécia e Turquia. Uma semana em terrestre na Grécia, uma semana em cruzeiro pelas ilhas gregas e uma semana pela Turquia com a Capadócia incluída.
Como o Raul(ex-namorado do Sandro), não tinha ninguém para partilhar o quarto, dessa forma a viagem dele ficaria mais dispendiosa. Decidimos ir em quarto triplo durante 3 semanas. Por mim, na boa...
Os primeiros dias, correram bem. Estávamos todos em sintonia, tempos de acordar e de usar a casa de banho. Pior foi um dia em que fui completamente "galado" pelo Raul enquanto eu estava a tomar banho. Não paráva de me olhar para a pila...
Fiz de conta, que não me tinha apercebido de nada...
Depois do nada, o Raul começou a comentar a nossa forma de estar na vida. Porque quando estávamos no aeroporto de Lisboa, eu e o Sandro tinhamos milhas no cartão da KLM e ambos tinhamos milhas para ir a Amsterdão e assim fizemos a reserva para uma semana depois de regressar a Lisboa.
Ou seja, iamos três semanas para a Grécia e Turquia, depois estávamos uma semana em Lisboa e depois íamos mais uma semana para Amesterdão. Eu e o Sandro faziamos 3 viagens por ano em média.
Passados dois dias, o tema à mesa passou a ser o passado do Sandro e do Raul. O porquê de terem acabado e que nunca tinham falado do assunto. Comecei a não achar muita piada às conversas. Creio que o Sandro estava a colocar à prova a minha capacidade de resistir aos ciúmes.
Os cruzeiros tem noites com vários temas, onde os turistas tem de se vestir de acordo com a festa. Na noite que era dedicado ao dia da Grécia, o tema é que tinhamos de levar um adereço azul e/ou branco.
Eu fui com umas calças brancas, uma camisa azul escura e com a bandeira da Grécia desenhada na cara. Creio que fui o mais simples possível, o que me tornou o gajo mais apetecível naquela noite. Todos/as presentes olhavam para mim com ar de desejo e ainda ganhei um prémio. "Garrafa de champanhe"...
Todos éramos participantes e júris ao mesmo tempo. Quando nós os três, iamos dizer qual a nossa nacionalidade e o nosso nome. Ouve-se a voz de uma "bicha" espanhola e todos se riem menos o Sandro e o Raul.
Espanhola: Deus grego e os seus dois gondoleiros...
É verdade, os dois estavam com t-shirts iguais, às riscas azuis e brancas...
A partir dessa noite, o Sandro começou a andar mais com mais atenção na minha pessoa, porque havia algumas "bichas" brasileiras e espanholas a fazerem-se a mim. Porque pensavam que o Sandro e o Raul é que eram os namorados e eu a "vela"...
O Sandro começou a dar-me mais atenção porque o Raul envolveu-se com um Brasileiro, que estavam a fazer o mesmo programa de férias que nós.
Confesso que já estava cansado daquelas férias, só queria chegar o mais rapidamente a casa e descansar a cabeça de tanto ouvir o Sandro e o Raul. Silêncio...
Passado uma semana, estávamos a caminho de Amsterdão...
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