24 julho 2010

F.Miguel - Roxette - "It Must Have Been Love"

O meu primeiro namorado chama-se Francisco Miguel (ainda não morreu, porque ainda o vi na semana passada na festa da mensagem do 106) e a conversa não foi lá das mais simpáticas ao fim destes anos todos.

Eu conheci o F.Miguel no Bric à Bar (ainda sou do tempo da D. Alice/Maria como porteira)lol.

Na minha opinião, naquela altura era a discoteca com melhor musica e com os gajos mais masculinos.

O F.Miguel tinha na altura 26 anos e eu 25. Estávamos no Outono de 1995. O rapaz na altura tinha deixado a escola, tinha frequentado o 10º ou 11º ano. Nos dias de hoje, creio que não deveria ter mais do que a quarta-classe, mas isso é outra história.

No inicio, achei-lhe piada, mas nada de excepcional. Ele trabalhava numa companhia de seguros, mas para todos os amigos dele (gays) e inclusivé para os meus, ele dizia que era da familia dos donos de uma cadeia de lojas de roupa super conhecida.

Eu confesso que no inicio não dei muita importância a esse facto. Mas, como no meu grupo de amigos, ele era apenas isso, um novo amigo do Francisco e que aparecia de tempos em tempos, não dei muita relevância a esse factor.

O primeiro ano e meio de namoro, correu sem grande stress. Iamos ao cinema, Faziamos férias no algarve só nós os dois e por vezes com amigos dele que sabiam quem que ele trabalhava numa companhia de seguros.
Eu vivia em casa dos meus pais e ele em casa dos pais dele e mais tarde comprou casa própria e aí começou todo o stress e eu tive que por um ponto final na relação.

Decorria o ano de 1997, o F.MIGUEL decide comprar casa própria, sozinho e em São Domingos de Rana.

Tudo bem, até aqui...

Na inauguração da compra da casa, ele convidou os pais, tios, primos, irmãos/irmãs, os amigos gays e não gays e a minha pessoa (Sim, fui o último a ser convidado e todos sabiam que nós éramos namorados, pois o moço decidiu assumir-se aos sete ventos, por dar aquela palha...)

Pérolas durante o jantar:

"Sogro": - F.Miguel, nada colocares a casa em nome do Francisco. Ele pode vir morar contigo, mas tem de pagar metade das contas...

"Sogra": - Estou tão orgulhosa do meu filho, passámos meses à procura desta casa...

"Cunhada mais nova": - Bom, com a quantidade de fotocópias que tiraste dos livros para o Francisco, bem que ele com essas poupanças, pode comprar o candeeiro aqui para a sala...

"Amigo gay desempregado": - Não sabes se estão a precisar de algém na tua empresa?

"Cunhado mais velho": - Amigo gay (confesso que não me lembro do nome do rapaz), dá-me o teu C.V

"F.Miguel": - Eu arranjo mais depressa emprego a um amigo do que a um namorado.

Depois de ter ouvido todos com muita atenção, pensei o quanto fui idiota de ter permitido a que relação tivesse chegado onde chegou. O pior é que eu já me tinha apercebido disso, que aquela relação não me ia levar a lado nenhum. Ali estava a prova mais do que viva, disso mesmo. Mas alguém no seu perfeito juizo, sai de casa dos pais para ir viver para o fim do mundo com um amigo? A minha família naquela altura nem sonhava que eu era gay. Quanto mais eu dependente dos meus pais, com um ordenado de call center a partilhar as despesas com um amigo. Que coisa mais linda...

E 15 dias antes, o F.Miguel tinha ido jantar com o ex-namorado. Para azar o dele, é que o ex namorado contou à queca com quem andava na altura, só que a queca é amigo de um amigo, que por sua vez é ex de um amigo meu. Meia Lisboa já dormiu com a outra meia, sem sombras de dúvidas.

Na altura confrontei-o e a realidade é que estávamos a tentar recuperar alguma credibilidade e por vezes lá está o Universo a colocar as coisas no seu devido lugar.

Naquele dia, acabei com tudo, e depois eram só telefonemas a toda a hora e mensagens de voz a chorar. Por favor...

A ultima mensagem de voz, dizia: - Bem, dizia a minha mãe e irmã, que só andavas comigo por causa das fotocópias...

Conselho:
Não atirar coisas à cara do outro, coisas que foram feitas por amor e muito menos quando o outro nada pediu...
E muito menos, telefonar aos amigos do ex-namorado para lhes fazer um broche...

2 comentários:

João Roque disse...

Pois, esta é a faceta diferente; são aquelas pessoas que não interessam a ninguém, mas que num dado momento nos interessam a nós, e se não temos cautela, lá estragamos a nossa vidinha...
A porteira do Bric era a D. Emília!!!!

Francisco disse...

Mais uma vez obrigado.

É isso a Sra D. Emilia LOL

Abraço