20 outubro 2010

Domingo(3ªParte) - Tony Carreira "Como é que tu vais?"

Eu optei por fazer vários posts, acerca do Domingo passado. Sei que parece uma telenovela mexicana. É que se eu só fizesse um único post, deixaria de ser uma telenovela e seria um testamento. Quem sabe? Pode ser, que eu seja convidado para escrever a próxima novela da TVI. Como é possível, alguém ganhar 30 mil euros por mês? Num país, onde a média dos ordenado são os 500/600 euros. Sei que depois do 25 de Abril, deixou de haver "tectos salariais". Cada um deve ganhar pelo que trabalha ou produz, e não quero, nem pretendo tirar mérito a essa senhora. Mas, não creem que seja um exagero. Confessem lá...

Recebo um sms do Fernando a peguntar: - Como estás meu lindo? Sinto a tua falta. Queres te encontrar mais logo?

Porra, os gajos voltam sempre. Mais tarde ou mais cedo, eis que aparecem todos. Leio a mensagem e limito-me a fazer "Delete"...

De repente aparece o famoso anjo. Porra, será que não existem coincidências? Ando eu à procura do dito "Sorriso Lindo". As eternas noites, que eu pensei e repensei, onde poderia encontrar aquele "Sorriso Lindo". Tão simples, estar no bar do lar a beber um café. Ou seja, estar no lugar certo, no momento certo e conhecer a pessoa certa...

Ele entra na sala, e parece que entra mesmo um anjo. Creio que todos os presentes, tivemos a mesma sensação de uma boa energia a chegar. Que boa disposição, e sempre com um sorriso nos lábios. Sim, é o António...

Ele diz bom dia a todos os presentes. Ele sabe os nomes de todas as funcionárias, alguns familiares e de todos os idosos/as. Ao entrar na sala, focaliza o olhar na D. Ermelinda. Sorri, simula que está a colocar o colarinho da farda, como se tivesse gravata. Acena-lhe com a mão e vai direito a ela. Toca-lhe no ombro e depois dá-lhe um aperto de mão. A D. Ermelinda tem 88 anos, é surda e não tem familia...

Passa pelo Sr Paulo, aperta a mão e dá-lhe uns segundos de conversa. O Sr Paulo perdeu a familia toda num acidente de aviação. Tem apenas um sobrinho que o visita uma vez por mês. O Sr Paulo é o poeta, lá do sitio...

A D. Laura começa a gritar que quer ir à casa de banho. A D. Laura tem 76 anos, está numa cadeira de rodas e tem a doença de Alzeimer. Só quer telefonar ao pai ou ir à casa de banho.

Ao Domingo, a hora da visita vai desde as 11h30m e as 18h. A filha da D. Laura, uma tia de Cascais, começou a gritar:

Filha: - Mãe, já lá foi. Vai depois do Almoço...

Quanto mais a D.Laura insistia em ir à casa de banho, mais os gritos da filha subiam de ton.

O António, aproximou-se. Tocou no ombro da D. Laura e diz:

António: - D. Laura! Então os lábios não se pintam?

D.Laura: - Estão mal pintados?

O António acena que sim, e impede que a neta tente ajudar a avó. A D. Laura abre a mala, tira o baton e um espelho e começa a pintá-los. Depois, pergunta:

D. laura: - Está bem? E, agora?

António: - Muito bem, agora vamos para aquela mesa. Vai jogar cartas com a sua filha, o seu genro e as suas duas netas. Vão jogar à bisca. Só tem de colocar as cartas iguais na mesa. Está certo?

D. Laura: - Certo! Obrigado...

O António, vem para perto do bar. Faz-me um sorriso(creio que me reconheceu) e depois diz:

António: - Olá Sandra. Tira-me um café SFF. Olá meninas e menino. Tudo bem?
É este rapaz que vai comigo ajudar-me a dar banho à D. Beatriz e vesti-la?

Sandra: - Se ele quiser. Ele também é voluntário. É verdade, a filha da D. Beatriz já está no quarto aos gritos...

António: - O Quê? Agora o lar, contrata carpideiras? Quando é que aderimos à moda dos patos?

Subimos ao quarto. Lá estava a filha aos gritos e a chorar.

António: - Minha senhora, não grite. A audição é o último sentido que perdemos...

Filha: - A minha mãe está morta... Eu já a lavei. Só, preciso da sua ajuda para vestir este vestido.

António: - A sua mãe queria levar aquele vestido amarelo e não esse Azul...

Filha: - Quero lá saber, ela já morreu mesmo. Vista lá o amarelo...

O António vai buscar o vestido amarelo. Aproxima-se do corpo e repara que o corpo está muito frio e que os braços já não se mexem. Ele passa a mão pelo cabelo. E, Diz:

António: - D. Beatriz, tem de me ajudar a vesti-la. Senão não a consigo colocar bonita...

Nem eu, nem a filha queriamos acreditar no que estávamos a ver. Parece que saiu uma lufada de ar dentro do corpo. Como se a senhora tivesse acordado de repente. O rapaz lá a vestiu e no final disse:

António: - Esteja o tempo que quiser. Se precisar de mim, estou no quarto 23.
- Francisco, vais lá para baixo ou queres continuar a ajudar?

3 comentários:

Blog Liker disse...

Esse lar tem autênticas histórias de vida... Tu não sais de lá cabisbaixo?!

Abraço!

João Roque disse...

Blog Liker
acho que não, de forma alguma; o Francisco deve sair de lá muito enriquecido.
E o António é mesmo um anjo, porra!!!!

Francisco disse...

O post de hoje é a resposta aos vossos comentários...

Obrigado pela vossa presença assidua

Abraços

Pinguim, acredita que sim...