22 outubro 2010

Eurovision Luxembourg 1983 - Corinne Hermes "Si la vie est cadeau"

Quando chegamos ao refeitório. É self-service. Olho para trás e reparo que o António, ficou para trás. Ele parou na mesa dos idosos que já não conseguem comer sozinhos. É necessário, dar a comida à boca. Se não fossem os comprimidos, muitos já tinham "partido"...

Reparo ainda, que depois de ter ajudado a dar a sopa. O António, passa pelas outras mesas, e fala com todos os idosos. Noto, que ele ao aproximar-se de cada idoso, toca-lhes no ombro, como se estivesse a dar "energia" a todos eles.

O António está sempre sorridente e muito bem disposto. Todos gostam muito dele. É um facto que está à vista de todos. É caso para dizer, "Ou se tem, ou não se tem..."

No final, vai buscar o almoço, depois senta-se ao pé de nós, mas fica ao lado da Sandra. Na mesa, estou eu, a Inês, o Jorge, a Sandra, a Florbela e a Lucinda.

O tema de conversa, começa com a "Moda dos Patos". A Sandra é angolana. Em Portugal, quando morre alguém, chora-se, e a pessoa depois de morta "vira Santa"...
Existem familias que até contratam as famosas "Carpideiras", para dizerem o quanto aquela pessoa foi boa e amada...

Em Angola, é precisamente o contrário. Quando a pessoa morre, faz-se um banquete. E a pessoa está dentro do caixão e os familiares estão a cantar, a comer e a beber...
Para um funeral ser digno com muita gente, basta não faltar comida e buida(bebida).
Os "patos" são as pessoas que aparecem para comer e beber. Choram o morto, como se estivessem a chorar a morte de um pai ou de um filho. A realidade é que os "patos" não são nada ao defunto...

Em Angola, as discussões são resolvidas à força. Ou seja, tudo é resolvido à base da "paulada" e de porrada. Os Tribunais só existem para o figurino. Se fazes alguma coisa a alguém, o melhor é fugires. Porque se te apanham, matam-te...

Já estão a ver, onde foi acabar a conversa. Já dizia a minha avó:

As pessoas são como os cães. Dois cães estão a lutar. Se aparece mais um ou dois cães, estes vão morder no mais fraco.


Florbela: - Ai! Do filho da puta que insultasse a minha mãe. Dava-lhe tantas...

Lucinda: - Esses cabrões deveriam ser presos...

Jorge: - Existem por aí alguns palhaços, que tem a mania que são gente...

Eu deveria ter escutado melhor a minha avó, e saber que devemos ouvir mais e falar menos. Porque temos dois ouvidos e uma boca...

Francisco: - Muitas mães, se dessem um par de bofetadas ou umas valentes palmadas. Talvez, estes miudos fossem mais bem educados...

Nesse instante, o António pede licença para sair da mesa. Levantou-se e saiu em silêncio.

Inês: - Aqui, ninguém tem o direito de "condenar" ninguém. Para isso é que existem os tribunais. E, a sentença já foi feita. Bem ou Mal, fica com que a ditou...
Voces estavam lá nesse dia?

Lucinda: - Mas é um puto! Merece é uns estalos naquele focinho...

Inês: - Aquele puto tem 40 anos. E, as testemunhas da "dita" senhora. São todas vizinhas do mesmo prédio. Moram é em patamares ou andares diferentes. Satisfeita?

O que farias para ajudar a tua mãe, perante algumas vizinhas menos bem formadas?

Pois é. Só que ele tem a mãe a sete palmos, debaixo da terra. E, não teve testemunhas para afirmarem a realidade dos factos...

2 comentários:

João Roque disse...

Mas afinal o que se passa com o António?

Francisco disse...

Uma História muito longa, que daria para voltar a fazer a seria Dallas. Recordas-te?

Neste caso, o titulo do filme seria: - Um gajo fodido por 4 vizinhas...

Abraço