27 agosto 2010

Há dias assim... Agata "Sozinha"

Hoje de manhã, eu acordei super bem disposto. Quando acordo sempre bem disposto e a cantar, é um sinal que o dia que se começa, não irá acabar, assim tão bem...

Quando me sento no meu lugar, reparo que a minha colega de ontem, está na outra ponta da sala e quando me vê, baixa o olhar. Ressentimentos, pensei eu para comigo... Nada disso, ao ligar o computador, aparece-me uma janela(pop ou como se chama aquelas mensagens que surgem no ecrâ do computador)onde a mensagem era:
- Franscico coloque-se em formação e diriga-se ao gabinete da supervisão.

Quando chego à sala, vejo que estão lá 3 pessoas. O meu supervisor, a técnica de recursos humanos da empresa de trabalho temporário e fiquei a saber naquele momento que o terceiro elemento é o director máximo do "call center".

Supervisor: - Que se passou ontem? Quer partilhar connosco?

Francisco: - Nada de especial, como moro longe. Chego sempre em cima da hora. Na hora de sair, vou sempre a correr, pois não moro em Lisboa. A nível da comunicação, não fui rude com nenhum cliente, sempre fui bastante educado e prestativo. No intervalo. Como, só temos 12 minutos de intervalo, aproveito esses momentos para fazer uma chamada telefónica, ir ao wc, beber um café e estar em silêncio...

Supervisor: - Queremos saber a tua versão da conversa com a Sandra?

Francisco: - Sandra?! Ah! A minha colega de formação. Estava eu a beber o meu cafezito, quando ela chegou ao pé de mim e referiu que andava a ser traida pelo o actual namorado, que ele só a queria levar para a cama. Que só tinha tido um homem na vida... (lêr o post de ontem)

Técnica de recursos humanos: - Essa conversa durou quanto tempo?

Francisco: - Não faço a minima ideia. O intervalo é de 12 minutos. Façam o percuso do meu lugar ao wc, depois à copa, esperar que uma das máquinas de café fiquem livres, tempo de saída do café. Depois, chegada até lá fora. Depois retirem o tempo de regresso até ao meu lugar. O tempo que sobrar, foi o tempo de conversa, menos alguns segundos, porque ela não abordou logo o tema...

Supervisor: - Tenho aqui o mapa dos seus intervalos, e o seu intervalo tem sempre a mesma duração, 11 minutos e alguns segundos. O seu tempo de ontem foi de 11 minutos e 24 segundos...

TRH - Francisco, vou lhe pedir que esta conversa, fique só entre nós. Não comente nada com os outros colegas. Pode voltar ao seu lugar e boas vendas...

Director Máximo: - Tenha cuidado, com comentários futuros. Pense, mas não diga o que pensa... (Aperta-me a mão e pisca-me o olho).

Volto em silêncio até à minha sala e posto, acompanhado pelo o meu supervisor. Depois ele dirigi-se para o lugar da minha colega. Ela pára de comunicar e dois saem da sala. Creio que todos os presentes da sala, sabem mais do que eu...

No fim do meu turno. Fico a saber por outras colegas que os serviços da rapariga foram prescendidos. Ontem, ela tinha pedido uma reunião com a supervisão e de direcção. Que no intervalo, me tinha abordado para falar um pouco. Que a conversa, tinha abordado sexo, que eu me tinha insinuado a ela e que ela deveria ter mais homens na vida...

Já dizia um professor meu: - Nunca tentes lixar um colega, pois nunca saberás o dia de amanhã e onde ele estará. O posto dele, pode ser superior ao teu...

Nunca gostei tanto de um login e de um logout...

Hoje, foi o meu primeiro dia de voluntário no Lar. Fui recebido pela Inês e pelo Jorge. Fomos até à sala de estar onde está o bar. Ao entrar, nunca vi tantos velhinhos juntos. Mais parece um depósito de velhos, e no fundo é isso mesmo...

Fico a saber que muitos daqueles velhinhos, sofrem de Alzeimer, Parkison, Esquisofrenia, entre outras doenças mentais...

Muitos daqueles velhinhos, já não tem família, ou que muitos familiares só lá vão pagar a mensalidade, mas que não fazem visitas. O Domingo é o dia das visitas, e é pedido que nesse dia, eu acompanhe os velhinhos à igreja(os que quiserem ir e que não tenham mobilidade). Muitos deles, estão em cadeiras de roda.

Depois sou acompanhado pelo Jorge que me faz o resto da apresentação ao lar. Vou cohecer os quartos, e alguns acamados. Sou levado à lavandia, ao economato, à cozinha. Adorei a D. Aparecida, que é a cozinheira. Como os outros voluntários, já tinham ido para o Banco Alimentar. Vamos até à dispensa, com o objectivo de ir arrumar espaço, para quando eles chegarem do Banco Alimentar...

Ao entrarmos na dispensa, a porta é trancada e começamos aos beijos. As minhas mãos passam por aquele corpo. Que Adónis, quando aquele gajo se despe todo. Vestido, não dava nada por ele...Fizemos amor...

Quando saí do lar, a minha cabeça vinha a mil...

No gaydar, no início da semana, começei a teclar com um rapaz que por coincidência, mora muito perto do lar.

Quando toco à campainha, e um rapaz de olhos azuis e louro me abre a porta...
Reconhecemo-nos de imediato, estivémos juntos em 1993/1994. Mas o destino não quis que ficassemos juntos e cada um seguiu o seu caminho...

Hoje, estávamos ali de frente a frente...

Revivemos os anos anteriores, contámos que caminhos tinhamos seguido, relações mal explicadas e acabadas, rimos, chorámos, até que no final, beijámo-nos e entregámo-nos um ao outro...

Francisco: - Engraçado, depois de tantos anos, aqui estamos outra vez juntos...

Raul: - Uma andorinha, não faz a primavera...

Francisco: - Mas, será que pode anunciá-la?

Dêem as voltas que derem, o Universo volta sempre a colocar as pessoas frente a frente, seja qual fôr o motivo. Mas a realidade é que eles voltam sempre...