11 setembro 2014

4ª História - Céline Dion "Je sais pas"

Não sei se foi Sorte ou Azar ter podido estar frente a frente com pessoas que não sabem ler nem escrever...

Quando apresentava a almofada do carimbo, muitas pessoas colocavam o dedo com enorme satisfação. Como se tivessem entendido tudo o que eu tinha dito. Se entenderam não sei. Sei que acreditaram mais na minha pessoa, do que nos familiares e amigos... Infelizmente foi me dito por algumas pessoas... Não fazia a mínima ideia de quantas pessoas não sabem ler, nem escrever neste país...

Ainda me recordo do sorriso de uma senhora dos seus sessenta e muitos anos, que depois de ter colocado o dedo na almofada, olhou para o contrato e colocou suavemente, depois disse-me:

"Agora pode me levar presa, porque não sei o que assinei. Se for tudo como senhor disse. Os meus parabéns porque me explicou tudo muito bem. E, nunca olhou para o relógio..."

Por vezes a nossa responsabilidade é muitas vezes, bem maior do que aquela que pensamos que é...

6 comentários:

m. disse...

bom dia, Francisco.
estou a gostar muito destas tuas histórias pelo país, humanas e emotivas. sim, existem, infelizmente, muitas pessoas que não sabem ler. a taxa de analfabetismo ronda os 5.%, a média, sendo maior nas mulheres. foram sempre colocadas de parte no que respeita à instrução. tinham de ir servir desde muito novas, ou ficarem em casa a tratarem dos irmãos mais novos, ou trabalharem nos campos. tu tens um exemplo na tua família, não tens? era a tua avó?
bjs.

Francisco disse...

Margarida,

A minha avó, nem teve oportunidade de escolher o marido. Foram os meus bisavós que lhe arranjaram marido logo em pequena

Beijinhos

Horatius disse...

É uma infeliz realidade. Os meus avós são analfabetos, assim como a sua geração, aqui no campo. A minha avó diz que aos 4 anos já guardava porcos, aos 12 guardava vacas e aos 16 trabalhava no campo, como as mulheres casadas. Mas só teve direito a pedir a "aguadeira" quando se casou. Até aí, tinha de esperar que uma mulher casada pedisse água, mesmo que estivesse a morrer de sede...

Francisco disse...

Horatius,

E, começo acreditar que estamos a voltar a esses tempos :(

Mark disse...

A taxa de analfabetismo diminuiu muito pós 25 de Abril. Hoje em dia, a taxa de crianças que frequentam o ensino básico é de 100 por cento (ou muito perto). O analfabetismo, em si, extinguir-se-á. A taxa de alfabetização chegará aos 99,9 %.
Um outro problema é o analfabetismo funcional, ou seja, as pessoas que lêem mal, que não conseguem fazer um cálculo simples. Aí a taxa será mais elevada.

A senhora confiou em ti. :)

um abraço.

Francisco disse...

Mark,

E nem queiras saber a satisfação que me deu, por ter acreditado :)

É muito gratificante :)

Abraço amigo