08 outubro 2010

Recordações... Vitor Espadinha "Recordar é Viver"

Dizem que somos um livro por escrever, desde o dia em que nascemos. Quem não recebeu um livro em branco? Muito usual, como prenda de aniversário ou de Natal nos ínicios dos anos 90.

Ao longo dos dias, semanas, meses e anos. A dia "sociedade" vai nos dando conhecimento e ao mesmo tempo, vai nos castrando. Aos nascermos, a familia começa por nos informar o que é premitido, e o que não premitido "Faz o que eu digo e não faças o que eu faço..."

Na escola, temos que ser os melhores. Ter as melhores notas e ser um aluno exemplar. Os professores lá nos vão ensinando, até termos a disciplina de Sociologia. Ainda existe esta disciplina?

Aqui aprendemos, o que são os Valores, as Regras, as Normas...
E também aprendemos que o Ser Humano é o "animal" racional que tanto insiste em viver em Sociedade e é o que está à vista...

Na faculdade, passamos a ser "lincenciados", o que designamos por Dr. No fundo, o conceito é estarmos lincenciados para continuar a estudar e não mais nada do que isso.

Hoje, ao estar a fazer a campanha de inquéritos para um Banco da nossa praça. Não posso dizer o nome. Fui informado que os clientes desse banco, não gostam que a associação deste Banco, recorra a empresas de trabalho temporário para a realização de inquéritos de satisfação...

Nunca ouvi tanta gente "burra" num tão curto espaço de tempo:

- Numa escala de um a cinco, sendo um de muito insastifeito, e cinco de muito satisfeito), diga o seu grau de satisfação:
Respostas: De -5; 0; 8, 10 e 100...

- Na mesma escala de um a cinco, onde um(copy past). Qual o grau de satisfação com o seu balcão:
Resposta: São todos uns incompetentes...
Francisco: De um a cinco?
Cliente: - Coloque um muito insatisfaz...

Tia de Cascais: - Estou muito insatisfeita com o Banco. O menino é empregado ou DR?
Francisco: - As duas coisas!!!

Voltando à escola, também aprendemos: As pessoas nascem, crescem, casam-se, reproduzem-se e morrem...

Nascer: - É um facto, se estamos cá é por algum motivo;
Crescer: - Até uma certa idade, sim. Depois, só se for para os lados...;
Casar: - Tanta literatura se escreve acerca deste tema. Anos mais tarde, surge outra palavra a separação. E, a "palavra" de quem é casado tem mais força, que a "palavra" de um solteiro. Tem conhecimento deste facto?;
Reproduzir: - Pois é uma questão de querer e de sorte. Tanta gente que gostaria de poder engravidar e outras são como os coelhos...;
E, por fim morrer. Também, é preciso ter sorte para morrer. Parece uma anedota mas infelizmente, não é...

No lar, quando um idoso morre. Todos os seus bens(roupa, relógio, carteira, etc) são entregues à familia. Se, a familia não quiser nada, uma supervisora leva tudo para a lavandaria, para se fazer uma selecção do que está bom e que pode ficar para o lar. Uma das vezes que estive no lar, não sei se poderei considerar sorte ou azar de ter visto/acompanhado uma "partida" de uma idosa.
Era uma senhora muito simpática dos seus 86 anos. Sempre sorridente, não se importava de estar numa cadeira de rodas, pois, as suas pernas deixaram de lhe obedecer, já fazia muito tempo. A senhora faleceu, e a familia foi chamada ao lar.
A senhora faleceu de manhã e da parte da tarde, já lá estavam todos os pertences da senhora. A familia disse que não queria nada da senhora, apenas que as pessoas do lar, vestissem a senhora e assim foi o que aconteceu...

Da parte da tarde, fui até à lavandia ajudar na separação dos bens. Grande parte da roupa: camisas de dormir, casacos, blusas foram para a máquina de lavar e depois passariam a ser roupa do lar. No meio dos pertences, estava uma mala. Dentro da mala, estavam fotos do seu dia de casamento, fotos dos filhos, filhas, netos, carteira pessoal com alguns poemas. Uma agenda, como se fosse um diário...

Eu não ligo muito ao passado, mas tive vontade de pedir aqueles bens. Os bens acabaram por ir todos para o caixote do lixo. Não havia ouro, dinheiro ou cartões de crédito...

E, assim se acaba o percuso de um Ser Humano...

2 comentários:

João Roque disse...

A mãe do amigo com quem compartilho a casa, viveu os últimos anos num lar muito acolhedor e simpático, quase familiar.
Ali fui muitas vezes visitá-la e já conhecia quase todos os idosos (não eram mais que uma dúzia).
E naturalmente durante esses anos, alguns partiram: não perguntava nada, apenas notava a sua ausência.
e quando chegou a hora dessa senhora partir, tive oportunidade de falar com a encarregada do Lar que me contou o que significava para elas, a perda de um dos seus "amigos"; não será uma profissão fácil, mas é uma profissão EXTRAORDINÁRIA!

Francisco disse...

Pinguim

Ando tentado a voltar a fazer voluntariado :)