"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontade..." & "A verdade de ontem, é a mentira de amanhã..."
Já referi no passado, que a minha "entrada" neste "Mundo Gay" foi nos incios dos anos noventa. Os jovens nascidos nessa época, são os jovens que à data de hoje tem vinte anos...
Naquela altura, a dita "entrada" nada tem a ver com a "entrada" aos dias de hoje. Mas, também a minha "entrada" nos anos noventa, nada tem a ver com as entradas dos anos sessenta/setenta e assim sucessivamente...
Ao longo dos tempos, as pessoas vão entrando neste "Mundo", conforme as suas possibilidades e a sua vontade de querer entrar...
Voltando aos inicios dos anos noventa, era eu um jovem como qualquer outro. Tinha vontade de conhecer outros rapazes, só que não havia amigos em "comum". Não existia internet com as moradas das saunas, dos bares e discotecas gays...
Como no inicio eu era um rapaz timido, resolvi "entrar" para este "mundo" através de um anúncio colocado num jornal "A Capital", creio que esse jornal já foi extinto. Coloquei um anúncio nesse jornal, com resposta a um apartado que eu alugara anteriormente numa estação dos CTT...
O Anúncio dizia isto: " Gato giro procura outro gato para fazermos ronrom". Resposta ao anúncio nº XC - 1700 Lisboa
Naquela altura surgiram algumas respostas de alguns moços interessantes. Naquele tempo, como não havia telemóveis, tinhamos que marcar um encontro para daí a alguns dias, descrição de como éramos, o que levariamos vestido, um caderno debaixo do braços... Muitas vezes, como "iamos às cegas" (Blind-Dates), muita vezes diziamos que levamos uma camisa vermelha e levávamos uma azul. Para o caso da pessoa não corresponder aos nossos ideiais... Por vias das dúvidas...
Depois de nos apresentarmos. Se houvesse quimica, ou se fosse de mútuo acordo passariamos ao café, a uma água. Uma qualquer mesa de esplanada, afinal ambos estávamos de acordo e queriamos conhecer o outro.
À medida que o tempo passava, e ambos queriamos saber um do outro. Era como se fosse um inicio de um namoro. Até chegarmos a esse momento erámos considerados "Amigos Coloridos". Era aquele amigo, que saimos para ir beber café, aquele amigo que iamos ao cinema, a ver uma exposição, jantar fora, que iamos passar um fim-de-semana... Por norma, eu ia passar sempre um fim de semana fora, por dois motivos:
A) Se o moço ressonasse durante a noite, estava automaticamente excluido; e,
B) Ver como o moço "funcionava" em férias(as pessoas revelam-se muito ao deitar e ao acordar)...
Amigo colorido é aquele com quem partilhamos a nossa vida, e onde só fodemos os dois até ao dia em que existe o dia em que se oficializa o namoro. Tinhamos prazer em descobrir o corpo do outro. E, depois de algum tempo alguém tomava a iniciativa de pedir namoro. Sim, eu pedi namoro a dois namorados e também houve outros que me pediram namoro.
Nos dias de hoje, temos os famosos fuck-baddys, onde basta um telefonema ou um sms a qualquer hora do dia ou da noite e temos sexo...
Ao longo do tempo em que estive solteiro, ainda não conheci um único gaijo que afirmasse que tinha vários contactos para sexo(fuck-baddys), tivesse algum fack-baddy que o acompanhasse para um jantar, um cinema, um café...
Claro que se o fack-baddy vai lá a casa foder, podem jantar, podem ver um filme(porno) de preferência, podem beber o dito café, se houvem uma nespresso ou uma delta Q, por perto. Ou então mesmo água del cano...
Amigo do Gonçalo: - "Eu adoro ter fuck-baddys", não me dão dores de cabeça, vão lá a casa e damos umas fodas fantásticas e até à próxima...
A parte mais chata, é que alguns deles ficam na banheira uma hora, outros cagam e deixam a sanita um nojo, outros mijam-me a casa de banho toda, outros "limpam-me" o frigorifico...
Hello!!Se forem para o Estádio Nacional, uma sauna, uma qualquer praia, para a Cidade Universitária... Não será mais higiénico e até podem poupar alguns tostões?
Uma questão de opção...
3 comentários:
A ideia de alguém vir a minha casa, fodermos e bye bye até à próxima, muito sinceramente mete-me nojo. Eu sou dessa geração de que falas mas não me identifico com nada disso.
E tipo, eu não sou nenhum santo, adoro foder, mas fazê-lo só porque apetece sem mais nada a ligar-me à outra pessoa, deixa-me, sei lá, deprimido... Se calhar vi muitos filmes da disney quando era criança, mas acredito no amor, e considero que as pessoas não são objectos pelo que não devem ser tratadas como tudo o resto desta sociedade consumista em que vivemos.
Se são felizes assim, ainda bem para eles, só gostava de saber o que é nos fim constroem ou têm que lhes dê algum alento, porque sinceramente não estou a ver...
Abr
Miguel,
Fico contente em saber que ainda existem excepções e com bons principios.
Forte Abraço
Só hoje aqui cheguei depois do período pascal e deparo-me com SETE novas entradas; o que vale é que adoro ler-te...
Imagina tu,depois do que contas das tuas "entradas", as minhas, nos anos sessenta!
Havia todo um misto de querer e de medo, de não saber se a pessoa era ou não era, mas também esse "jogo" era muito interessante.
Depois vivi muito tempo essas amizades coloridas, e tive duas relações a sério: uma de dois anos, que acabou porque a outra pessoa se cansou de mim sexualmente, e isso acontece; ficámos amigos para sempre e se hoje o não somos tanto deve-se apenas ao facto de ele estar hoje completamente dominado pelo alcoolismo e só se dar com pessoas do mesmo tipo.
Depois tive a relação da minha vida, com a pessoa com quem ainda hoje vivo, compartilhando a mesma casa e que conheci há 26 anos; foi uma relação muito bonita, e ainda hoje é, pois somos dois irmãos que souberam ir evoluindo no seu relacionamento até haver uma separação afectiva, de amante a amigo; hoje, cada um tem o seu mundo afectivo muito bem definido e é o meu melhor Amigo. Os bens materiais que possuímos em comum - a casa, estão salvaguardados por testamentos mútuos que queremos continuem válidos e são do conhecimento dos actuais relacionamentos de cada um.
Durante esse tempo, até conhecer o Déjan, comparo-me muito contigo, naquelas histórias que contavas, de engates nos sítios que ambos bem conhecemos.
Hoje e mesmo à distância, não precisamos, eu e o Déjan de contratos de fidelidade: basta-nos o prazer de sabermos que só um com o outro, o prazer é real.
Há nos que não frequento uma sauna, é raro ir a um bar gay (só com amigos) e se passo uma vez por outra por um determinado sítio mais conhecido, é por simples curiosidade. Algo que eventualmente aconteça é sempre dito, sem qualquer mentira ao Déjan e vice-versa: em quase seis anos, contam-se pelos dedos de uma mão, algumas "brincadeiras"...
Enviar um comentário